Quatro horas e um minuto
(Miró)
Quatro horas
Quatro ônibus levando vinte e quatro pessoas
Tristonhas e solitárias
Quatro ônibus levando vinte e quatro pessoas
Tristonhas e solitárias
Quatro horas e um minuto
Acendi um cigarro e a cidade pegou fogo.
Acendi um cigarro e a cidade pegou fogo.
Cinco horas Cinco soldados espancando cinco pivetes
Filhos sem pai
E órfãos de pão
Filhos sem pai
E órfãos de pão
Cinco horas e um minuto
Urinei na ponte e inundei a cidade
Sei horas
O Recife reza
E eu voando pra ver Maria
Urinei na ponte e inundei a cidade
Sei horas
O Recife reza
E eu voando pra ver Maria
Sob a ponte
(Lou Vilela)
Esperei na ponte
o Capibaribe passar
desviei de curso
cantei toadas ao luar...
Passou a menina com a cara borrada
o bêbado o assaltante
a fome a miséria
fezes misturadas aos sonhos.
Anoiteci espanto!
Tudo me pareceu assustadoramente tão belo
: a lua a coruja o canto a mortalha
até os cravos amarelos.
Estava inundada!
* Texto originalmente publicado em 14/10/09.
** Imagem de arquivo pessoal - VII Bienal Internacional do Livro de Pernambuco.
20 comentários:
Lindo + lindo= aodrei demais linda!
nossa, depois de uma carga poética dessas, lou, a gente vai sentir sua falta. belíssimos os dois poemas. doídos, reais, pungentes.
beijo no zóio.
Oi Lou, os dois poemas são ricos em lindas e bem elaboradas metáforas. Gostei muito. Bj.
E tua poesia é constante inundação...
"Vi" este(s) poema(s) pelos rostos das ruas, em letras que saltavam das pontes, em meninos de águas usadas que se banhavam nos canais.
Eu "vi" este(e) poema(s) tão nítidos...
[Lou, que pena não te ter visto pela Bienal.]
Muita poesia para ser espanto... Há de ser ouro e feitiço! Abraços.
Olha, só, menina, em sua visita ao Pedra do Sertão, você comentou de um poema seu...agora sou eu, dialogando também, depois posto com foto e tudo. O meu recupera a Ponte Metálica (Ponte dos Ingleses), local dos sonhadores, hippies, poetas, viciados em pôr-do-sol...
abração...
Dois poemas lindíssimos, mutuamente se alagando.
Um beijo.
Demais, Lou...definitivamente gosto de seus poemas. Beijo.
Ai que vontade de ver, conhecer o meu Recife, cantado nesses seus lindos versos, Lou!
Voltarás em pleno horário de verão.
Beleza os dois poemas
Beijos
Mirse
Gostei muito de ambos.
Bjo grande, poetisa.
...PAGÃ!!!
bj
Que imagens, Lou... Apesar de tudo,cantar toadas à cidade que de tão real, parece sonho. Lindo.
Lou,
Pintar a quatro mãos muitas vezes dá Mural.
Foi o caso.
:)
Beijos,
Marcelo.
Demais, Lou, de inundar a gente.
Beijo e obrigada ela mensagem.
há momentos em que não basta esperar; é preciso procurar... nas ruas, nas portas, nas pontes, mas, sobretudo, nos rios que sob os seus tabuleiros estendem alvoradas para lá dos montes e para cá do coração humano. a resposta há-de surgir algures. num cravo pousado no cano da metralhadora ou simplesmente no sorriso de uma criança.
um beijo!
Linda, linda!
Tem um selinho pra vc em meu blog " Diálogos Poéticos".
Bjs
Um belo retrato
do tempo que vivemos!
Beijoca
Que lindo!
é...
quando a gente ama tudo fica belo.
Gosto de amar, e não precisa ser a um alguém, gosto de amar a vida que faz a gente ficar assim, docemente apaixonado...
encontro de poemas sobre desencontros, belos
cheiro
Dois poemas que vão de encontro profundo com a realidade sem perder o lirismo. Linda parceria, e linda foto, adorei!
Beijo.
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