(1905-1973)
Se morre da morte que ela quer.
É ela que escolhe seu estilo,
sem cogitar se a coisa que mata
rima com sua morte ou faz sentido.
Mas ela certo te respeitava,
de muito ler reler teus livros,
pois matou-te com a guilhotina,
fuzil limpo, do ataque cardíaco.
(João Cabral de Melo Neto)
Entre mim e ela
A morte mata do que ela quer.
Mas tentarei convencê-la:
chegar consciente, partir sonhando
flutuando em travesseiro.
Aspirar, por via das dúvidas,
poesia e cheiro
de um tudo que aqui vivi.
Ser queimada, virar cinzas
espalmada à toda sorte.
Seguir passarinho:
[só sucumbir à morte]
sumir em revoada.
(Lou Vilela)
9 comentários:
Coisa mais bonita! ;)
Convença a minha morte tb!?
Com vc falando assim ela vai se convencer. Sério!
Obrigado por me dar a chance de ler tanta coisa boa, Lou!
Vou repetir o que disse no maria clara: Lou, essa Cabralina é um diálogo e tanto. Além de Cabral senti na última estrofe ecos do passarinho de Quintana. Show. Beijo
E quando ela chegar e nos matar do que quiser, nos restará re_voar imortais nas asas de um poema qualquer. bjo e Boa Páscoa, Lou.
Voar... Sim, à brisa gentil...
Lucão, seu comentário reverbera gentileza. ;)
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Assis, sinto-me lisonjeada. São grandes referências!
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Belo, Mai! Assim seja!
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Henrique, li em seu blog que irá se ausentar. Espero que esteja tudo bem e que a sua ausência seja breve, viu?!
Um grande abraço a todos,
Lou
Aprecio J.C.M.N.
'Sumir em revoada'... Bom.
Abrçs.
Acho que fui espalmado à toda sorte hoje. Que blog bacana e que blog lindo!!! Aguardo você no meu. Virei seu seguidor também. Abaixo um dos poemas encontrados por lá.
João Lenjob
http://lenjob.blogspot.com
Predicativo
João Lenjob
Acordo em metominia
Vivo em prosopopeia
E durmo poesia
Te amo em soneto
Te conquisto em prosa
Te caso em conto
E em romance te vivo
Te quero em versos
Te faço em rimas
Te dou um sujeito
Te quero meu predicado
Te encho de predicativos
Sinto-te intenso um adverbio
E aprecio teus adjetivos
E quando te conheci percebi:
Eras a minha somada conjunção.
A morte me mata por cotas:
me lisonjeia, me corteja,
Oferecida!
Faz grafites com giz poroso
Nas paredes do meu corpo.
Envia pombos-correios
Aos meus quintais.
E remete anúncios aos meus amigos
Para que não os surpreendam
Os nossos esponsais.
Lou,
a cada vez que aqui retorno encontro sensibiliddae e beleza, aliadas à uma grande força poética.
Gostaria muito de contar com a sua visita em meus blogs, pois há muito aprecio seu trabalho e gostaria que conhecesse o meu.
Gostaria, inclusive de convidá-la a particiar dos " Diálogos Poéticos", do qual fazem parte a Lara Amaral e outros excelentes poetas da blogosfera.
Se desejar, mande-me seu e.mail. Terei imenso prazer em recebê-la.
Beijos.
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