terça-feira, 4 de maio de 2010

Azulão, o canto do pássaro

.



Miguel Gilbert.2007 - Museu de Bilbao.Espanha


Entre almas penadas
vaguei, arrastando correntes...
O verbo, canto solene,
a pena, meu instrumento.

Ouvi lamento do cárcere,
gemidos ao bailar do vento,
o grito abafado no açoite,
o ódio rangendo nos dentes.

A mistura rubro-negra
do sangue correndo na carne
coroou a tese racista
que impôs a barbárie.

Na imensa capilaridade da ignorância
- apesar das leis outorgadas -
perpetua-se mensagens subliminares,
reforça-se a discriminação velada.

Lou Vilela



* Texto republicado.
** Azulão: pássaro.
.

11 comentários:

Henrique Pimenta disse...

É d'alma.

Unknown disse...

ouvem-se os martírios em palavras que não querem calar. cheiro

Sueli Maia (Mai) disse...

Um poema de nunca esquecer. Em vermelho - as palavras escorreram no corpo do poema. Belíssimo, Lou.

P.S.
Adorei te ver, nítidamente bela na nova imagem do perfil.

Anônimo disse...

É da ignorância deixar que o sangue escorra, sangue que corre em todos, da mesma cor rubra.

Lou, sempre impecável.

Beijos.

nina rizzi disse...

ah, menina lou, também são meus os prantos dos filhos da minha mãe áfrica. bela canção.

um beijo.

Jorge Pimenta disse...

há que apontar, protestar, gritar e... jamais capitular.
um beijinho!

Juan Moravagine Carneiro disse...

é sempre bom quando através da poesia se faz possível dar visibilidade há certos "cantos" escondidos!


Abraço

Unknown disse...

Lindo, Lou!

Daqueles que não deixa em paz certas almas!

Beijos

Mirse

Sidnei Olivio disse...

Intenso! Gostei demais, Lou. Beijo.

dade amorim disse...

É mesmo inexplicável ainda hoje essa dor repetida, que continua em discriminação e preconceito.
Um beijo pelo poema, Lou.

Ulisses Reis ® disse...

Verdades que voce descreve com carinho e sinceridade amei o teu poema lindo , tenha um belo dia, bjs !!!