sábado, 20 de novembro de 2010

Dia da consciência negra



O Canto do Azulão

Entre almas penadas

vaguei, arrastando correntes...
O verbo, canto solene,
a pena, meu instrumento.

Ouvi lamento do cárcere,
gemidos ao bailar do vento,
o grito abafado no açoite,
o ódio rangendo nos dentes.

A mistura rubro-negra
do sangue correndo na carne
coroou a tese racista
que impôs a barbárie.

Na imensa capilaridade da ignorância
- apesar das leis outorgadas -
perpetua-se mensagens subliminares,
reforça-se a discriminação velada.

Lou Vilela 



* Texto republicado.
** Este poema é um dos que compõem o meu capítulo na obra Maria Clara - uniVersos Femininos.
*** Azulão: pássaro.

7 comentários:

Unknown disse...

a opressão e a luta, hoje é o dia para voar alto o canto do azulão



cheiro

carmen silvia presotto disse...

Parabéns Lou, este Poema tem que ir para as Escolas, cantando ensinas a importância do amor e também o descaso de tantos passos.

Beijos.

Marcelino disse...

Gostei muito do texto, Lou, contudo talvez o título do texto mereça alguma explicação em rodapé, uma vez que "azulão" é uma palavra utilizada, em algumas regiões brasileiras, de forma pejorativa para referir-se ao negro epidérmico.

Lou Vilela disse...

Oi, Marcelino!

Respondi ao seu comentário por e-mail.

Abraços,
Lou

Lou Vilela disse...

Carmen,

Gostaria de ver a poesia mais presente em nossas escolas. ;)

Beijos

Lou Vilela disse...

Quiçá todos os dias, Assis?! ;)

Beijos

O que Cintila em Mim disse...

Perfeito o seu texto.