sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Ouse

Christiaan Tonnis -Virginia Woolf, oil on canvas, 1998.


 Ouse

É preciso um silêncio, uma febre, uma pena:
Arrancar a pele mil vezes, revirar o estômago;
Prescindir de perfurar os olhos,
De enfiar nos bolsos todas as pedras.

Lou Vilela


* No dia 28 de março de 1941, Virginia encheu os bolsos de seu casaco com pedras e afogou-se no rio Ouse.
.

16 comentários:

Domingos Barroso disse...

Com o tempo
pedras,
búzios
...


carinhoso beijo.

TECENDO PENSAMENTOS disse...

belo e reflexivo versejaer, parabénsempre.

Unknown disse...

triste e belo, tristemente belo



cheiro

Penélope disse...

E isto vai acontecendo aos poucos com o passar da VIDA!!!
Lindo poema, menina!!!
Abraços

Wilson Torres Nanini disse...

Lou,

vc tem a receita para uma exposição inteira do avesso. Sem pedras e sem máscaras, com a face autêntica sempre acesa.

Abraço!

Carol disse...

Que belo mais triste...

Marcelino disse...

É preciso ler um poema como este.

Rosangela Ataide disse...

Acho que na vida ao longo de nossos percursos, vamos colecionando pedras. Algumas nos edificam e sequer podemos lançá-las fora embora sejam pesadas - é nossa função arrastá-las -, outras apenas servem para nos sorver e nos fazem perder tempos preciosos... Uma hora ao ousar neste percurso, devemos parar e contar as nossas pedras para abrirmos mão de tudo que excede. É no mínimo desagradável notar que a maioria das pedras que carregamos, fomos nós que optamos levar. Então ousemos! Bjs poéticos!

Renata de Aragão Lopes disse...

Que expressivo, Lou!

Elisa T. Campos disse...

Que linda ousadia.

bjs

Luis Alfredo Moutinho da Costa disse...

Lou,
Descobri seu blog agora e vai levar um tempo para percorrê-lo todo. Vc SABE versar, coisa rara nos poenáuticos que abundam escrevendo frases que mudam de linha, mas que na verdade representam pura prosa. Acho que vc foi intruída pelas leituras de Ezra Pound, TS Elliot etc
Parabéns

rua do mundo disse...

lou
a minha cara!
posso larapiar para um video de fractais?
beijos xuxu

Luis Alfredo Moutinho da Costa disse...

Domingos, Wilson, Rosângela.
Comentário bobo de um geólogo:
...pedras, não. Rochas! Os livros da Terra. O resto, eu gostaria de ter escrito.

Anônimo disse...

Daqueles poemas que a gente queria tatuado na pele!

Bravo, Lou.

Um beijo.

Anônimo disse...

Da estirpe de poema a que a gente gostaria de oferecer a pele como papel.

Bravo, Lou.

Um beijo.

Luis Alfredo Moutinho da Costa disse...

A pintura intrigante remeteu-me a Paulo Mendes Campos: "[...]uma beleza que se desenvolve de dentro para fora e se estampa em ossos angulares e linhas inesperadas. Uma beleza apesar dos outros. Contraditória e quase irritante. Uma beleza feita de imaginação em movimento, e não de reflexão, uma beleza de água. Tão rápida que os amigos jamais chegaram a um acordo sobre os olhos de Virgínia, a não ser que eram belos[...]"