Mulher de chita, fotografia e gravura digital de Lilian Goulart/2010
Era tanta
vida ali guardada
Aos poucos em silêncio trans.bordava
A menina de
memória refazia-se
Em soluços
que o vento sequestrava.
Fez da vida
germinada em sua gente
Um jardim
fecundo abastança
Irrigou o Ser-tão cantou Gonzaga
Catou seixo comeu palma ordenhou cabra.
Colheu pé de
menino em terra seca
Fez do sol
uma clave em sua alma
Do luar um
manto puro simples
Do poema um
latão cheio de água.
Aprendera
desde cedo que a poesia
Abriria a
porteira de sua casa
Enfeitou-se
de chita e alpercatas
Seguiu a galope em suas asas.
Lou Vilela
4 comentários:
Que texto bonito, hein? Forte, bem escrito, a própria feitura do texto lembra a mulher sertaneja. Há tantas referências possíveis porque trata-se de um poema rico em intertextextualidade: do Luar do Sertão ao Pavão Misteryoso, muita literaura tem espaço nesses 16 versos. Parabéns, poeta!
belo, belo, tudo o que aqui se encontra (arte que é surpresa, conhecimento de causa, vida que trans.borda :) grata!
Que lindo! Que honra!!!
Me emocionei!
Lilian, obrigada pela visita! A honra é toda minha! Esse seu trabalho é um encanto e, aos meus olhos, remete ao contexto, mas, caso prefira, posso excluir. Um cheiro!
Postar um comentário