sábado, 2 de agosto de 2014

Olhos arrebatados pelo vento

hoje, choro o meu cansaço
exponho a ferrugem dos meus dentes
acendo um cigarro imaginário
posso, desde que integre o tempo

escapa-me a noção de ser-espaço
onde começo, onde termino
onde refaço-me
olhos arrebatados pelo vento

planto a minha aorta em apartamento
cubículos urbanos, somos guetos
estreitos, os corredores vão fechando
funil, filtros d’águas e folguedos

mas, se porventura, souber princípio
decerto toda graça escoará
por entre dedos, os nossos, nalgum lugar
elástico, universal, capitular


Lou Vilela

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