Se eu lembrasse de outros tempos
das épocas em que aqui estive
dos castelos ancestrais
talvez me fosse possível
tocar alguns sinos a mais
julgar esta fome: banal.
Entretanto, no paço inverso
premido
típico
complexo
pululo, sou quase! – instante;
metáfora de manguezal.
I Fazia algum sentido como partes se queriam como um todo já cansado eram partes em agonia. II Não sabiam ser as partes o todo que prenuncia a terra que dá a vida a vida que se queria. III Uma parte noutra parte muitas vezes se perdia o que pintava era arte reentrância, filosofia. Lou Vilela * ImagemFátima Queiroz.
Portanto, na vida assim refaço-me:
escrevo sob as brumas o meu cansaço,
alinho pensamento aos braços meus,
há dias de olvido - sabe Deus!
As mãos que ora(m) se enlaçam
traduzem, à Midas, os percalços, poiesis em laudas – sol maior, matéria transformada em rigor:
Cheiro de cancro vira pó,
reluz no mar a areia fina
de tantos, compõe-se uma mina.
Paciente, amparo-me no infinito.
Daí o meu jogo preferido:
poetizar o que me afoga.
Lou Vilela
* "Dizem que Midas, ao se abaixar para colher a água na margem do rio, tocou na areia com as mãos e que, por isso, ainda hoje, o rio Pactolo corre por sobre um leito de areias douradas." Disponível em <http://pt.wikipedia.org/wiki/Midas>. Acesso em 05 de jul. 2012.