quinta-feira, 18 de maio de 2017

Garra

na profundidade do nada
soube-se
unhas e dentes

Lou Vilela

terça-feira, 11 de abril de 2017

Percussão

tempo de despertar
romper silêncios
ouvir o som da poesia
meus tambores

Lou Vilela

quinta-feira, 16 de março de 2017

Simbiose II

ora raízes fincadas
ora em mangues - aérea
funde-se desejo e alma

Lou Vilela

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Seiva

sob o amor que pulula
em teu sexo
ser a seiva
escorrer
rubro líquido
existência

Lou Vilela

quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

Balada para o amor V

não raro enumerava os riscos
caprichos presentes fantasmas
: levava-me a sério
selava-me a boca crestava-me a alma
compunha sobretudo os nossos mistérios

Lou Vilela

sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

Bacante III


na urgência do desejo
um poema úmido

Lou Vilela

quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

rebentação

havia uma tristeza
naqueles olhos de mar

como quem abraça o tempo
resvala
infinitas rotas

subjetivo navegar

Lou Vilela

sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

Balada para o amor III

tão norte que sou, mas sinto o frio
terra estranha ao meu viver
pulso, silente, aquele jeito
janela, assombro, bem-querer

falo mansinho o seu nome
ouço bem perto o seu doer
cabe em mim – sou reticências
horas contemplo a dizer

acalento passarinho
insisto florescer
há caminhos que ressurgem
tramas de um Ser

luz que fere as entranhas
iluminam um pertencer
palco de espetáculos pluriformes
ranço de espera-arvorecer

Lou Vilela

segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Negação

tentou calar suas fraquezas
algo assim, mais humano
o que rejeita e sangra

Lou Vilela

domingo, 11 de dezembro de 2016

fim de tarde

são cortes disformes
imperceptíveis a olho nu
quartos crescentes
pórticos sagrados
conversa íntima
silêncio in blue

Lou Vilela

quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

Epitáfio II

onde plantei o fruto, regressarei
feito húmus -- alimentar a terra
o que f[l]ui

Lou Vilela

quinta-feira, 10 de novembro de 2016

Entre o ninho e o voo

desde que o ventre explodiu
as horas que foram parecem distantes
de silêncio em silêncio, o peito chove
as mães são sós

Lou Vilela







Foto: ShutterStock

quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Balada para o amor IV

o que se ama pudesse
a engrenagem da vida
movimentar

o mundo vibrasse
instantes
factíveis
jogos de encaixar

Lou Vilela

segunda-feira, 7 de novembro de 2016

quando somos ausência

a casa vazia outrora chamada lar
come em silêncio suas plantas daninhas

hora fugaz quando julgávamos
todos postos à mesa
que a terra era fértil

Lou Vilela

sexta-feira, 27 de maio de 2016

Propagação

expandir
permitir-se lasso
o encanto a acústica
das conchas entreabertas

Lou Vilela

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Calendário II


Todo mês seria a_gosto, 
pudesse a palavra.

Lou Vilela



* Publicado no livro Agenda da Tribo, ed. 2016/2017.

Frida

que prisão te pariu
coluna-escafandro
tinta febril?

Lou Vilela

*Publicado no Livro Agenda da Tribo, ed. 2016/2017.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Quando o encontro é ainda incerteza

a referência não é a mesma
: o córtex, as águas, os sentidos...
nada mais se ajusta

os buracos pousam tão profundos
de não se alcançar, de surfar encostas 
o que eclode não se [a]firma

Lou Vilela

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Portinari

meninos na gangorra
os nossos do dia a dia
tanto o que aprender

além dos bancos da escola
necessária alegoria
acordes mistos tinindo
expressionismo sem par

tu os coloca no ar
nós os vemos passarinhos

Lou Vilela




* Meninos na Gangorra, de  Portinari  - 1939. Acervo digital ©Projeto Portinari

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Íntimo

é você que sinto
quando me [re]traio

Lou Vilela

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

portal

quando abriu o portal das coisas perdidas
o frio e a navalha de passos indivisíveis
houve o mar e os botões de acender pirilampos
aqueles cobertores de pés silenciosos

Lou Vilela

sábado, 26 de setembro de 2015

poesia completa

para Manoel de Barros

toquei a capa
a beleza das gravuras
as palavras  neotessituras
e foi assim: eu voei
cada infinito um assombro

lou vilela


quando existimos

 Fátima Queiroz

há um hálito azul-presente
em todas as preces

à deriva, corpos tingidos

lou vilela

[Arte: Fátima Queiroz]

terça-feira, 22 de setembro de 2015

havia

havia o toque
a palavra o aceno
a sutileza incabida
um sinal

havia vontade

lou vilela

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

esse todo

gosto
quando vens
quando tocas
do teu modo

quando invades e
e
   s
      c
         o
            r
               r
nu teu peito

quando suo
quando soo
[im]perfeito

lou vilela