segunda-feira, 9 de julho de 2012

Azul

Arte: Índigo by Lou Vilela

Azul
(Lou Vilela)

Essa língua
convoca-me passo
além
do siso
: um desmantelo azul.

SONETO DO DESMANTELO AZUL
(Carlos Pena Filho)

Então, pintei de azul os meus sapatos
por não poder de azul pintar as ruas,
depois, vesti meus gestos insensatos
e colori as minhas mãos e as tuas,

Para extinguir em nós o azul ausente
e aprisionar no azul as coisas gratas,
enfim, nós derramamos simplesmente
azul sobre os vestidos e as gravatas.

E afogados em nós, nem nos lembramos
que no excesso que havia em nosso espaço
pudesse haver de azul também cansaço.

E perdidos de azul nos contemplamos
e vimos que entre nós nascia um sul
vertiginosamente azul. Azul.




quinta-feira, 28 de junho de 2012

Resistência


Sabe, amor
Já nem sei o caminho -
você todo eufórico;
eu pura alforria.
Mas... de que adianta um ventre livre
se de maios, princesas e silêncios mendiga-se:
mais um dia?

Lou Vilela

* imagem sem indicação de autoria.

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Recriarte II

Arte: Marco Andruchak


Arte é passarinho
solto
na imensidão da infância.

Lou Vilela

* Publicado originalmente no blog Ritmos e Rimas.

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sábado, 23 de junho de 2012

Rubrica


deslizar na pele
cada sílaba
cumprir-se algoz
subscrever
à língua.

Lou Vilela

* imagem sem indicação de autoria.

sábado, 16 de junho de 2012

Diário de uma notívaga II

Arte: guille roMa

Na companhia das sombras
repassava os últimos acordes
até que a noite a engolisse
até que o olhar raiasse.


Lou Vilela
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quarta-feira, 13 de junho de 2012

Labirintos III

Paul Delvaux


sei do sal em tua boca
dos dias cumpridos
dos sonhos convexos
sei que somos reflexo

Lou Vilela
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segunda-feira, 11 de junho de 2012

Púrpura


Hoje as vi passar
Púrpura prosa
Salífera crosta
Então pele
Toda paixão será admoestada?
Um vai e vem
Um sobe e desce
Hipócritas se afagam se afogam
P(h)odem
Ignoram dedos que lambem
Lábios entre.meios
Transformam membro em alma
Hoje as vi passar
Duas noivas - nenhum altar.

Lou Vilela
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sexta-feira, 1 de junho de 2012

Dinamene

'Nômades Amantes do Tempo' - Bruno Steinbach

tão pele e espanto
composta em tema
rutila a flor
na ponta da língua


Lou Vilela

sábado, 19 de maio de 2012

Terra de ninguém


pelo corrimão da paisagem
um amor em rebuliço
corre corpo, anoitece
come estrelas
e um punhado de sal
[dades.

Lou Vilela

terça-feira, 8 de maio de 2012

Obtuso construto da alma



De instante, persigo um blues:
Em_torno todas as causas,
Volátil
Gole-spaço sem pausa.

É tempo!
‘Autumnus’ emplaca.
Dé_cor,  a letra de_lata
Fulgura, concreta, amálgama.

No ritmo, o todo em_cena
Compõe, dedilha o tema:
Um blues
Malabares, poema.

Lou Vilela  


domingo, 22 de abril de 2012

Epígrafe



inquieta a epígrafe
pontuada no tempo
um estado da alma
face altiva
presa

em foco

do homem de outrora
bem de acúmulo
olhos náusea
palavra acesa
maldita
mancha de suor em laudas

inquieta epígrafe



Lou Vilela
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sábado, 21 de abril de 2012

Voz

Ao grupo de poesia Vozes Femininas,
porque em pequenas homenagens podemos traduzir também uma grande admiração. 

Grupo "Vozes Femininas" - foto Clarissa Dutra


quero os versos na boca
a sinuosidade da língua
a atitude, o entalhe
uma história sem fim

quero o verbo, a sina
sem siso, sem lacre
o estopim, o asfalto
sob lâmina d'água

quero
do princípio ao lume
a poesia
perplexa
resoluta
o expurgo

Lou Vilela

* Para saber mais sobre o trabalho desse grupo, é só clicar aqui.

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segunda-feira, 9 de abril de 2012

Um bonde chamado poesia

Poema visual 'Borboletras' - Tchello d'Barros.


de gibis fatos novelas
cresceu na periferia
nos bolsos, nada tinha
escrevinhar era dom.

sua road, sem asfalto
seu inglês, ‘maigode’, alto!
português, vá lá, no tom.

cunhou-se autodidata
salvo pela culatra
: poeta sim, e dos bons!

Lou Vilela

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domingo, 8 de abril de 2012

(Re)começos

Árvore de folhas brancas (Open4Downloads)


ofertou-lhe rosas
vermelhas
ramalhete de amor sem fim
terras  fecundas
rios caudalosos
e resmas de folhas
brancas

Lou Vilela

sábado, 31 de março de 2012

Folhas brancas em altar

Henri Matisse


Onde nos perdemos?
tantos galhos retorcidos
frutos verdes
folhas brancas em altar

Tantos credos
em latim – não sei bem
conduzindo-nos
coro de bocas ávidas

Onde nos perdemos?
apesar das orações
diverso versejar

Somamos passado
presentes
encruzilhadas
vasos, flores  cruas, nuas, orvalhadas
penumbras, rendas
o peso “sem perdão”

Mosaicos firmemente recordados
lugares sitiados
onde nos perdemos.

Lou Vilela
                                 
* poema revisado em 07/12/12.

quinta-feira, 22 de março de 2012

Drummond ando Raimundo

Ao poeta, publicitário e jornalista Raimundo de Moraes.


Enquanto há chama, Raimundo,

nós poetas sabemos

o quanto nos vale a poesia:

nomes, rimas, conhaques -

sol e lua sobre tudo;

H2O [dis.soluções];

A

..........B

....................ISMOS:                


vasto mundo.


Lou Vilela


* Olha a confusão: o poema ‘mistura’ Drummond e Gianastácio - em seu estudo sobre o sufixo –ismo, dentre outras referências, para prestar uma homenagem ao poeta, publicitário e jornalista Raimundo de Moraes.

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quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Capela em tarde ser



Cantavam as vozes
Marulho dos ventos
Van Gogh de pontes
Sobre girassóis

Capitulavam o tempo
Fadado em buscas
Contidas em versos
Quiçá rouxinóis

Lou Vilela

* Desconheço a autoria da imagem.
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sábado, 25 de fevereiro de 2012

Poema sem título IV



Acabara de submergir,
mais um poema!
um quase
mundo independente
tão necessário quanto vulgar
: seu caviar, 
feijão com arroz.


Lou Vilela


quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Para Luciana Lima


O ouro refletia em suas mãos
Tratava ampla ferida
Por ir além, bem além
Do que aprendera em livros
ARS MEDICINA

Lou Vilela
.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Epitáfio

Imagem: http://pejot.cgsociety.org/art/painter-photoshop-seed-nudity-2d-224289


houve um tempo que a sombra apascentava
que o fruto era farto doce
que as raízes desafiavam os ventos

arbusto sobre.tudo agua(rda)va em silêncio
brotos rebentos de frutos
apodrecidos

hoje solo semente 

Lou Vilela
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segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Convite

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Olá, caríssimos! Recebam o convite do nosso colega Paulo Bettanin, editor do 'Urbanascidades' e do 'Urbanasvariedades':

______________
"O modo long-play do Urbanascidades, desde 02.02.2012.
Blog cultural de produção coletiva. Seja um colaborador enviando artigos, crônicas, poemas, contos, ensaios e qualquer outro tipo de manifestação artística literária. Não avaliamos ou censuramos textos, a anarquia e a contestação são incentivadas, dentro do politicamente correto. Discriminações, agressões, palavrões e outros "ões" ofensivos não serão aceitos.
Por que Long Play? Versão mais "cool", para ser saboreada ao som de um "smooth jazz", com textos que aprofundam os temas tratados no Urbanascidades, para Urbanautas que tem um tempinho a mais.
Envie as suas produções para urbanascidades@gmail.com." 
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Um grande abraço a todos,
Lou
. 

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Divisa III



Vi olhares se multiplicarem,
eram luzes coloridas
apontando caminhos:
 eu estava nas nuvens.

Lou Vilela


* Pulblicado originalmente em 26/12/11, no blog Ritmos e rimas.

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sábado, 31 de dezembro de 2011

Feliz Ano Novo, meu povo!!

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Que a poesia invada corações
e coroe o temp(l)o de gigantes.

Lou Vilela
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terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Demasiado humano



Atrozes, os lobos se manifestaram,
Devoraram-me a poesia.
Esperança! – insisti,
Mas aqueles olhos crestam
O verbo, os sinos, as pontes.

Lou Vilela
 .

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Poesia fractal

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Enredada

toda ‘fome’ é sacana
buraco no olho
teia de aranha.
 
Lou Vilela




 


João Cabral

Parte de ti me escapa
Outra parte me embucha.

Lou Vilela





 

Poema sem título III

Madura teu gosto de fruto
Em meus olhos sapotis.

Lou Vilela




  

Divisa

Era hora do rush
De sonho maduro
Raiz na parede

Lou Vilela


  


 

Divisa II

Era o prato, a brisa, a tez
E uma vida roubada.
 
Era o canto, a dança, a vez
E nenhuma culpa.

Lou Vilela



 * Imagens: Fátima Queiroz

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Aos passantes:

Espero que tenham tido um Natal feliz e iluminado! ;) 

Infelizmente, ainda não consigo responder a todos os comentários/e-mails, nem sequer retribuir as visitas, mas alegra-me cada qual em seu modo, inclusive, os de passos mansos e olhares silenciosos.

Um grande abraço para todos,
Lou