sábado, 26 de julho de 2014

Memória


lembro-me do azul
da irremediável alegria
da glória dos inocentes

não havia palidez
não havia rasgos 
não, não havia

havia vontades, [des]cobertas
erros, matizes, portais
nas papilas gustativas, o sumo
: sabor inaugural

Lou Vilela

sábado, 19 de julho de 2014

Escambos e frissons


I
Ora sépia, ora giz
a folha concede-se face
escancarada ausência.

II
Em vermelho, a poesia
propósito, latência
um tempo re(n)al.

III
Segue rápido, septado
um corpo ardido, traçado
décor marginal.

IV
Tanto há –- caminhos e passos
(in)oportunas partidas
falanges de aço.

Lou Vilela




quarta-feira, 16 de julho de 2014

Diário de uma notívaga IV

seguir
[não mais postergar]
expandir o silêncio

soerguer na matilha da noite
a paz necessária

Lou Vilela

sábado, 12 de julho de 2014

Germinar

rezava para espantar a ignorância
perguntava-se todo dia:  até onde?

costurava ficções
demarcava suas páginas
arrematava sins, senões
perguntava-se:  até quando?

bebia os mistérios

Lou Vilela

sexta-feira, 11 de julho de 2014

Cores


As cores seriam inúteis, amada
não houvesse olhos de chuva
renitência, mar bravio.

Tudo o mais de pura inutilidade
não houvesse nós
tecidos rumo ao centro

: redemoinhos.

Lou Vilela

domingo, 6 de julho de 2014

Batismal

dilapidar uma espera
varrer o pó, o esteio
o paradoxo das teias
aveludar a pele

Lou Vilela

sexta-feira, 4 de julho de 2014

Amazona


galope que a ti reporta
um tropel, peito aberto
este corcel tatuado

Lou Vilela