sábado, 2 de novembro de 2019

Desmesura

pensar que tudo é espanto
sabor, arrepio
um belo tacho de bronze
azeitado
flor de sal
uma mão nem sempre apta

Lou Vilela

terça-feira, 24 de setembro de 2019

Lúdico

cuidou de bonecas
fez comidinhas
construiu, montou casinhas
advogou suas questões
[se] convenceu
presidiu
mandou a discriminação às favas

Lou Vilela

sexta-feira, 2 de agosto de 2019

Encantada

nascera assim
: pra casar

mas faltava um príncipe
e foi feliz para sempre!

Lou Vilela

quarta-feira, 27 de março de 2019

Agulhas e linhas

nada entendia de tramas
toda ferida doía
quando ousava remendá-la
mas era o jeito possível
de sobreviver

Lou Vilela

quarta-feira, 6 de março de 2019

Vidas que insistem

escrevi algumas dores
frágeis construções da alma
são tantos os abismos
[im]possíveis

alguns silêncios de algibeira
a flacidez moldável
da ética e da moral
a fome e o prato social

famílias empanadas
empenados horizontes
perdidos, achados
laudas sem fim

mas sempre há um ponto
onde o ar é mansuetude
e a pausa permite-se

Lou Vilela


segunda-feira, 4 de março de 2019

Femininas e plurais

não a conheço
mas ando de mãos dadas
com seus medos e anseios
o que nos torna íntimas

não a conheço
mas provo do descrédito, da violência
das ausências, dos porões
o que nos torna vítimas

não a conheço
mas assim como você
sou confrontada todos os dias

e jogo o jogo de equilibrar
o sangue entre as pernas

Lou Vilela

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

Trabalho delicado

preparava café, labirintos
semeava flores e alma
em terreno arenoso
às vezes brotava

Lou Vilela