quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Esfinge

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de dentro de um enigma
saem serpentes e ratos
velhos sapatos
olhos vesgos
beco fétido
de bocas escancaradas
decifradas nos escombros.

Lou Vilela

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sábado, 26 de setembro de 2009

Sangria III


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Entre cólicas
contorcia-se silêncio
inundava-se poesia.

Foi assim que se soube
ovário e útero.


Lou Vilela



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Mostra visual de poesia brasileira

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Meus caros,

Tem poema meu no Mostra Visual de Poesia Brasileira. Convido a todos para conhecerem o espaço o qual, vale salientar, agrupa uma belíssima mostra do trabalho de Artur Gomes, grande poeta, ator e produtor.

Artur, para mim foi uma honra ver um poema meu publicado em um de seus espaços literários!

Abraços a todos,
Lou Vilela

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quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Herança

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Minha consciência deserdada
de lugar-comum
vaga no limbo das escolhas.


 Lou Vilela

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segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Nerudianas

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Prefiro que não, amada.

Para que nada nos amarre
que nada nos una.

Nem a palavra que aromou tua boca,
nem o que não disseram as palavras.

Nem a festa de amor que não tivemos,
nem teus soluços perto da janela.

Amo o amor dos marinheiros
que beijam e se vão.

Deixam uma promessa.
Não voltam nunca mais.

Em cada porto uma mulher espera:
os marinheiros beijam e se vão.

Uma noite se deitam com a morte
no leito do mar.

(Pablo Neruda in Crepusculario)





Seria tua musa desde que
aprendêssemos a roçar
minha língua tua língua
envolvidas nesse mar.

Envolvidas nesse mar
suculentas nerudianas
mil histórias duas bocas
minha língua tua língua

alagadas tateando
aprendêssemos a roçar
enviesadas declarando.

Seria tua musa desde que
duas línguas um destino
soubessem conspirar.

Lou Vilela





* Este poema foi publicado no blog "Mostra visual de poesia brasileira".


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sábado, 19 de setembro de 2009

Rameira



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não dá bandeira
arroz-feijão em abundância
carne às sextas-feiras
aos domingos se redime.


Lou Vilela

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* Em homenagem ao blog "putas resolutas", pilotado pelas poetisas Líria Porto, Roberta Silva e Nina Rizzi.

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domingo, 13 de setembro de 2009

Rasif


Imagem pertencente aos arquivos da UFRPE



Arrebenta em minhas coxas tua ira
Lambe-me em espumas prateadas
Soube-te cárcere menina
Desde cedo arrebatada.


Tua essência miscigenada
Teus batuques apogeu
Tua história flamulada
Sonhos em braços de Morpheu.


Singram-te os cantadores
Violas apaixonadas
Sabem-te Veneza Brasileira
Homens de verbo e de enxada.


Oh! Rasif querido
Razão destes versos dedicados
Abraça-me até que naufrague
De amor em tuas águas.



Lou Vilela




* Rasif : origem árabe do nome Recife.

** O título homenageia Recife e faz inferência ao livro Rasif: Mar que arrebenta, do pernambucano ganhador do prêmio Jabuti 2006 Marcelino Freire.




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Este poema foi publicado no blog de "Ernâni Motta".


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sábado, 12 de setembro de 2009

Exorcismar


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a língua sangra
indizíveis porquês

refaz-se lâmina d’água

pulsa contundente reflexa
a_ponta atravessa
provoca desliza...

incita grito selvático
entre coxas

a língua conjura


Lou Vilela
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quarta-feira, 9 de setembro de 2009

"balaiando"

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Tem poema meu no Balaio Porreta 1986 - no. 2778, de 09/09/09.

Obrigada, caro Moacy, pela oportunidade de figurar ao lado das feras que compõem o seu porretíssimo Balaio!



Abraços,
Lou

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terça-feira, 8 de setembro de 2009

Um conto sem réis


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Naquele pardieiro
ecos paredes rachadas
de risos de bocas
esfomeadas
vazamentos incontidos
profundo (a)mar


Lou Vilela





* Réis: para saber mais clique  aqui.

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sexta-feira, 4 de setembro de 2009

(de)canto

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um canto
forçado
quebrado
(en)canto
doído
manto
fluído
espanto


Lou Vilela


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