Sei a dor, a tristeza, a saudade...
analfabeta de pai e mãe
Lou Vilela
.
.
Adeus à fantasia,
findou o carnaval!
Adeus aos beijos não dados
à pele não explorada
à flor orvalhada
(entre coxas, cerrada)
à dança lasciva
ao carro alegórico
à efêmera paixão...
.
.
.
ao som dos aplausos
o riso taciturno
viveu a vida
dos outros, herdada
saudade muda
do que nunca foi
.
.
Penso que penso, eu
Pensas que pensas, tu
Pensa que pensa, ele
Pensamos que pensamos, nós
Pensais que pensais, vós
Pensam que pensam, eles
O movimento das massas
Que pensam que pensam
.
minha agonia
mascarada.
Quiçá, hoje se despeça?
tenho pressa
na saturação
de morrer.
Lou Vilela
.
Lou Vilela
.
.
A ausência suscita
o que passou
- ternas lembranças.
A presença inibe
- além das lembranças,
nada restou.
Na ausência presente
desnudo a nostalgia,
gozo em versos.
Na presença ausente
sou homem castrado
– bicho selvagem, encurralado.
Lou Vilela
.