quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

rebentação

havia uma tristeza
naqueles olhos de mar

como quem abraça o tempo
resvala
infinitas rotas

subjetivo navegar

Lou Vilela

sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

Balada para o amor III

tão norte que sou, mas sinto o frio
terra estranha ao meu viver
pulso, silente, aquele jeito
janela, assombro, bem-querer

falo mansinho o seu nome
ouço bem perto o seu doer
cabe em mim – sou reticências
horas contemplo a dizer

acalento passarinho
insisto florescer
há caminhos que ressurgem
tramas de um Ser

luz que fere as entranhas
iluminam um pertencer
palco de espetáculos pluriformes
ranço de espera-arvorecer

Lou Vilela

segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Negação

tentou calar suas fraquezas
algo assim, mais humano
o que rejeita e sangra

Lou Vilela

domingo, 11 de dezembro de 2016

fim de tarde

são cortes disformes
imperceptíveis a olho nu
quartos crescentes
pórticos sagrados
conversa íntima
silêncio in blue

Lou Vilela

quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

Epitáfio II

onde plantei o fruto, regressarei
feito húmus -- alimentar a terra
o que f[l]ui

Lou Vilela

quinta-feira, 10 de novembro de 2016

Entre o ninho e o voo

desde que o ventre explodiu
as horas que foram parecem distantes
de silêncio em silêncio, o peito chove
as mães são sós

Lou Vilela







Foto: ShutterStock

quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Balada para o amor IV

o que se ama pudesse
a engrenagem da vida
movimentar

o mundo vibrasse
instantes
factíveis
jogos de encaixar

Lou Vilela

segunda-feira, 7 de novembro de 2016

quando somos ausência

a casa vazia outrora chamada lar
come em silêncio suas plantas daninhas

hora fugaz quando julgávamos
todos postos à mesa
que a terra era fértil

Lou Vilela

sexta-feira, 27 de maio de 2016

Propagação

expandir
permitir-se lasso
o encanto a acústica
das conchas entreabertas

Lou Vilela

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Calendário II


Todo mês seria a_gosto, 
pudesse a palavra.

Lou Vilela



* Publicado no livro Agenda da Tribo, ed. 2016/2017.

Frida

que prisão te pariu
coluna-escafandro
tinta febril?

Lou Vilela

*Publicado no Livro Agenda da Tribo, ed. 2016/2017.