sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Flores de sins

Imagem disponível em: open4group.com.


seguiria tons
partiria assim
blusa branca
calça jeans
sobretudo nós
asas de avião
flores de sins

Lou Vilela



Desejo a todos um Feliz Ano Novo!!


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Curiosidade:
1. O azul "simboliza a lealdade, a fidelidade, a personalidade e sutileza. Simboliza também o ideal e o sonho".
2. "O branco transmite paz, de calma, de pureza. Também está associado ao frio e à limpeza".
Informações complementares em: http://www.significadodascores.com.br/



segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Boas Festas!



Agradeço o carinho de todos que me acompanham!
Desejo-lhes um Feliz Natal e um Ano Novo de muita paz, saúde e realizações! 



Imagem: Jô Oliveira.

sábado, 15 de dezembro de 2012

Construções



onde não existíamos
éramos nós

[pudesse recriar o tempo
a passos lentos
tingir a_corda
fora e dentro]

espanto

cílios, sobrancelhas
apelos

onde não existimos
somos múltiplos
possibilidades

Lou Vilela




sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Parcas e nuvens



aqueles olhos sorriam
(des)fiavam suas histórias
o cerne de amores e outonos
vermelhos

aqueles olhos sorriam
singravam minúcias
arremates de rendas, sianinhas
parcas e nuvens

aqueles olhos...
farol e mar
reflexos de longes

Lou Vilela

domingo, 2 de dezembro de 2012

Cabides de quimeras

 The dream main - Tamara de Lempicka

das horas que (a)guardo
uma delicadeza nada estéril

na seda, o talhe, a mácula
nas mãos, toque e mistério
explosão de sinais

Lou Vilela

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

O poeta e a musa




não me coube perto [sedento]
não me soube mar [em fúria]
era parte, era pulso
era musa

Lou Vilela

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Buscar o invisível

Imagem Camis Mendes


as melhores paisagens surgem
de soslaio
quando não há espera.

Lou Vilela

sábado, 17 de novembro de 2012

Hoje


Para Assis Freitas e Daniela Delias*


pensei em flores
a mim representam
quando não posso ser asa
rota de colisão
visgo, tátil, metaforizada
cá estou, orquídea, lilases
desejo vingado em palmas de mãos

Lou Vilela

* Pelos recentes lançamentos dos livros:

 "Boneca Russa em Casa de Silêncios", da poeta Daniela Delias;  
"O ano que Fidel foi excomungado", do poeta Assis Freitas.



Tátil


adivinhava o tom
subtraído silêncio
onde mãos por deslize
compunham o gozo

Lou Vilela

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Alvo

Imagem da internet, sem indicação de autoria.


tão feroz o olhar que atravessa
e conclui.

somos! onde nem mesmo as trincheiras
anteparam.

seguimos, apesar da mira.

Lou Vilela

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Sertão in.verso



Mulher de chita, fotografia e gravura digital de Lilian Goulart/2010


Era tanta vida ali guardada
Aos poucos em silêncio trans.bordava
A menina de memória refazia-se
Em soluços que o vento sequestrava.

Fez da vida germinada em sua gente
Um jardim fecundo abastança
Irrigou o Ser-tão cantou Gonzaga
Catou seixo comeu palma ordenhou cabra.

Colheu pé de menino em terra seca
Fez do sol uma clave em sua alma
Do luar um manto puro simples
Do poema um latão cheio de água.

Aprendera desde cedo que a poesia
Abriria a porteira de sua casa
Enfeitou-se de chita e alpercatas
Seguiu a galope em suas asas.

Lou Vilela

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Sem hora

Imagem sem indicação de autoria.


O poema chegou-me pronto, vermelho
Trazia um brilho no olhar
E nos amamos, tocados
Pela fúria do instante

Lou Vilela


sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Crisântemos

Chrysanthemum coronarium


I
Nos anos em que somos rendidos
Depositamos nas gavetas os retalhos
Histórias alfinetadas
Colchas artesanais
O cetim das causas perdidas

II
Se a alma está de luto
A vida perde momentaneamente o sentido
Lembro-me de sempre querer acordar

III
Quando o vermelho se esvai
A escrita embrutece
Perpetua a faca
E o corte profundo
Na garganta

IV
Mas o sol pontualmente cumpre o seu papel
Seca o tempo de ausências

Lou Vilela

domingo, 28 de outubro de 2012

Das pedras




houve a inquietação, o paradigma
os senhores de si, de mim
tomos – tombados
nas esquinas
pedras que ruminavam latim

Lou Vilela


sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Retrô



A experiência é o nome que damos aos nossos erros.

(Oscar Wilde)



há dias, tudo é perto, urgente
calço as minhas luvas
do tempo 
um apelo
retrô 
visor

Lou Vilela

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Psique



quando a percebi
cercania, (es)paço
tudo mudou

o investido, não-dito
soube-se corpo
e alma

alimentamos Saturno

Lou Vilela

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Poesia a mar aberto




Ela alimentava o meu vício
: eu insistia, insistia.
Mal-acostumado, embriagado
repetia-me – um fraco, apaixonado.

Para tê-la em meus braços,
sentia o ópio, pulsava o caos,
vasculhava instantes,
amor sem igual.

Já não importava pagar, ou ser pago;
o risível, o onanismo dos troncos
às copas das árvores.

A louca forjava-me 
atitude, possibilidades
: eu insistia!

Lou Vilela

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Dimensões do silêncio

Arte: David Ho


que mistérios tento desvendar
na pedra silêncio?
sob uma fragilidade de dentes
mastigo seu corpo.

Lou Vilela

terça-feira, 9 de outubro de 2012

O rio que sou



Cada palavra um visgo, uma ponte 
neste Capibaribe de quimeras.

Lou Vilela



* Capibaribe vem da língua tupi e significa rio das Capivaras ou dos porcos selvagens. O Capibaribe teve grande contribuição para o desenvolvimento sócioeconômico do Estado de Pernambuco e do Nordeste. Para mais informações, clique aqui.
** Imagem: Pontes da cidade do Recife, registro Sistema Jornal do Comércio de Comunicação.

sábado, 6 de outubro de 2012

Tarde gris


Juan Gris, Self portrait, 1912. 


não me tomes por triste quando relato
o meu, o teu -- o nosso cansaço
entrecortado
animosidade gutural

não me tomes por triste

só poeira, olhar alérgico
descompasso
trans.formação

não, não me tomes por triste

cada veio, cada rasgo provém
de um tempo que esfola
e abriga

Lou Vilela


segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Último poema



este é meu último poema
[todos potencialmente o são]
fica o ranço
dias de chagas
o que haja
até uma nova floração
este é meu derradeiro poema

Lou Vilela

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Linhas da metrópole - cena I




Uma via marginal sob a mira.
A cidade ensandecida 
Troca bala, perdida
Mapeia o sangue coagulado;
Investiga, finca o la(u)do.
Sabemo-nos! –- culpados,
Uma veia (cor)rompida.

Lou Vilela

sábado, 22 de setembro de 2012

Poema sem título VI







é preciso um tanto
de espaço, de espanto,
um silêncio que comporte
todas as línguas.

Lou Vilela











Boas-novas



Estou na GERMINA - Revista de Literatura e Arte e na coletânea Sabiás e Exílios.
 Clique nas imagens para acessar.







domingo, 16 de setembro de 2012

Poesia

Acervo pessoal.
observar a nau que, partida 
em verso,
empresta sentido ao mundo.

Lou Vilela

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Poema sem título V

Salvador Dali


arrebatou-lhe o blues
e o olhar primeiro
cravado
além do pêndulo.

onde havia o mar
e os naufrágios da urgência.

Lou Vilela

sábado, 8 de setembro de 2012

Papel machê




estes corredores são povoados
(des)mascarados fantasmas
lâminas d’água
sob folhas de papel

Lou Vilela

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Rua da infância, s/n

Michelangelo Marson 

perante meus olhos
a rua da infância encolheu
tudo tornou-se tão palpável
até o pó das estrelas

Lou Vilela

* Pó de estrelas, um outro olhar.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Ser mão


no silêncio de uma página
um espaço que nos caiba
feito cria, feito casa
[impossível, improvável?]
(s)em perdão:
porque desafiamos o tempo.

Lou Vilela

sábado, 25 de agosto de 2012

Temporal


Um passo-quase, arrastado
Uma memória carcomida
Um alvo em movimento

Lou Vilela

domingo, 19 de agosto de 2012

Implume

Se eu lembrasse de outros tempos
das épocas em que aqui estive
dos castelos ancestrais
talvez me fosse possível
tocar alguns sinos a mais
julgar esta fome: banal.

Entretanto, no paço inverso
premido
típico
complexo
pululo, sou quase!  instante;
metáfora de manguezal.

Lou Vilela


"Manguezal, também chamado de mangue ou mangal, é um ecossistema costeiro, de transição entre os ambientes terrestre e marinho, uma zona úmida característica de regiões tropicais e subtropicaisAssociado às margens de baías, enseadas, barras, desembocaduras de rios, lagunas e reentrâncias costeiras, onde haja encontro de águas de rios com a do mar, ou diretamente expostos à linha da costa, está sujeito ao regime das marés, sendo dominado por espécies vegetais típicas, às quais se associam outros componentes vegetais e animais". Disponível em <http://pt.wikipedia.org/wiki/Manguezal>. Acesso em: 19/08/12.

sábado, 11 de agosto de 2012

A matemática das partes



I
Fazia algum sentido
como partes se queriam
como um todo já cansado
eram partes em agonia.

II
Não sabiam ser as partes
o todo que prenuncia
a terra que dá a vida
a vida que se queria.

III
Uma parte noutra parte
muitas vezes se perdia
o que pintava era arte
reentrância, filosofia.

Lou Vilela

* Imagem Fátima Queiroz.

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Diário de uma notívaga III







dividia o tempo em luas
no lastro da madrugada
forjava a redenção

Lou Vilela





* Imagem de arquivo pessoal.

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Imperativo


a_ponta de um lápis
elabora o caminho!

Lou Vilela


domingo, 29 de julho de 2012

Pensamentos e arredores

tentava desvendar aquela imagem
olhos fundos, um riso quase alegre
navalha e carne entre as gentes.

gostava de acompanhar seus passos
nas manhãs de inverno
dividíamos a fome das esquinas
sem aquecedores,

chafurdávamos o limo
exorcismávamos o ranço
outorgávamos às horas
estranhos frascos e perfumes.

Lou Vilela

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Um toque de Midas

O toque do Midas posteres by Peter Sharpe

Portanto, na vida assim refaço-me:
escrevo sob as brumas o meu cansaço,
alinho pensamento aos braços meus,
há dias de olvido - sabe Deus!

As mãos que ora(m) se enlaçam
traduzem, à Midas, os percalços,
poiesis em laudas 
 sol maior, 
matéria transformada em rigor:

Cheiro de cancro vira pó,
reluz no mar a areia fina
de tantos, compõe-se uma mina.

Paciente, amparo-me no infinito.
Daí o meu jogo preferido:
poetizar o que me afoga.

Lou Vilela



* "Dizem que Midas, ao se abaixar para colher a água na margem do rio, tocou na areia com as mãos e que, por isso, ainda hoje, o rio Pactolo corre por sobre um leito de areias douradas." Disponível em <http://pt.wikipedia.org/wiki/Midas>. Acesso em 05 de jul. 2012.



segunda-feira, 9 de julho de 2012

Azul

Arte: Índigo by Lou Vilela

Azul
(Lou Vilela)

Essa língua
convoca-me passo
além
do siso
: um desmantelo azul.

SONETO DO DESMANTELO AZUL
(Carlos Pena Filho)

Então, pintei de azul os meus sapatos
por não poder de azul pintar as ruas,
depois, vesti meus gestos insensatos
e colori as minhas mãos e as tuas,

Para extinguir em nós o azul ausente
e aprisionar no azul as coisas gratas,
enfim, nós derramamos simplesmente
azul sobre os vestidos e as gravatas.

E afogados em nós, nem nos lembramos
que no excesso que havia em nosso espaço
pudesse haver de azul também cansaço.

E perdidos de azul nos contemplamos
e vimos que entre nós nascia um sul
vertiginosamente azul. Azul.




quinta-feira, 28 de junho de 2012

Resistência


Sabe, amor
Já nem sei o caminho -
você todo eufórico;
eu pura alforria.
Mas... de que adianta um ventre livre
se de maios, princesas e silêncios mendiga-se:
mais um dia?

Lou Vilela

* imagem sem indicação de autoria.

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Recriarte II

Arte: Marco Andruchak


Arte é passarinho
solto
na imensidão da infância.

Lou Vilela

* Publicado originalmente no blog Ritmos e Rimas.

.

sábado, 23 de junho de 2012

Rubrica


deslizar na pele
cada sílaba
cumprir-se algoz
subscrever
à língua.

Lou Vilela

* imagem sem indicação de autoria.

sábado, 16 de junho de 2012

Diário de uma notívaga II

Arte: guille roMa

Na companhia das sombras
repassava os últimos acordes
até que a noite a engolisse
até que o olhar raiasse.


Lou Vilela
.

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Labirintos III

Paul Delvaux


sei do sal em tua boca
dos dias cumpridos
dos sonhos convexos
sei que somos reflexo

Lou Vilela
.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Púrpura


Hoje as vi passar
Púrpura prosa
Salífera crosta
Então pele
Toda paixão será admoestada?
Um vai e vem
Um sobe e desce
Hipócritas se afagam se afogam
P(h)odem
Ignoram dedos que lambem
Lábios entre.meios
Transformam membro em alma
Hoje as vi passar
Duas noivas - nenhum altar.

Lou Vilela
.

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Dinamene

'Nômades Amantes do Tempo' - Bruno Steinbach

tão pele e espanto
composta em tema
rutila a flor
na ponta da língua


Lou Vilela

sábado, 19 de maio de 2012

Terra de ninguém


pelo corrimão da paisagem
um amor em rebuliço
corre corpo, anoitece
come estrelas
e um punhado de sal
[dades.

Lou Vilela

terça-feira, 8 de maio de 2012

Obtuso construto da alma



De instante, persigo um blues:
Em_torno todas as causas,
Volátil
Gole-spaço sem pausa.

É tempo!
‘Autumnus’ emplaca.
Dé_cor,  a letra de_lata
Fulgura, concreta, amálgama.

No ritmo, o todo em_cena
Compõe, dedilha o tema:
Um blues
Malabares, poema.

Lou Vilela  


domingo, 22 de abril de 2012

Epígrafe



inquieta a epígrafe
pontuada no tempo
um estado da alma
face altiva
presa

em foco

do homem de outrora
bem de acúmulo
olhos náusea
palavra acesa
maldita
mancha de suor em laudas

inquieta epígrafe



Lou Vilela
.

sábado, 21 de abril de 2012

Voz

Ao grupo de poesia Vozes Femininas,
porque em pequenas homenagens podemos traduzir também uma grande admiração. 

Grupo "Vozes Femininas" - foto Clarissa Dutra


quero os versos na boca
a sinuosidade da língua
a atitude, o entalhe
uma história sem fim

quero o verbo, a sina
sem siso, sem lacre
o estopim, o asfalto
sob lâmina d'água

quero
do princípio ao lume
a poesia
perplexa
resoluta
o expurgo

Lou Vilela

* Para saber mais sobre o trabalho desse grupo, é só clicar aqui.

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