seguir
[não mais postergar]
expandir o silêncio
soerguer na matilha da noite
a paz necessária
Lou Vilela
quarta-feira, 16 de julho de 2014
sábado, 12 de julho de 2014
Germinar
rezava para espantar a ignorância
perguntava-se todo dia: – até onde?
costurava ficções
demarcava suas páginas
demarcava suas páginas
arrematava sins, senões
perguntava-se: – até quando?
bebia os mistérios
Lou Vilela
bebia os mistérios
Lou Vilela
sexta-feira, 11 de julho de 2014
Cores
As cores seriam inúteis, amada
não houvesse olhos de chuva
renitência, mar bravio.
Tudo o mais de pura inutilidade
não houvesse nós
tecidos rumo ao centro
: redemoinhos.
Lou Vilela
domingo, 6 de julho de 2014
sexta-feira, 4 de julho de 2014
domingo, 29 de junho de 2014
Ossos
Desmembrar alguns versos
Dispor os anéis
Ensaiar múltiplos tons
Comer a carne das horasLou Vilela
sábado, 7 de junho de 2014
domingo, 23 de fevereiro de 2014
Zonas do silêncio
observar o limo
crescer
adornar a pele
incrustar sentidos
ecoar um cântico
de olvido
ser pedra
Lou Vilela
crescer
adornar a pele
incrustar sentidos
ecoar um cântico
de olvido
ser pedra
Lou Vilela
segunda-feira, 6 de janeiro de 2014
Enredados
I
Ela traz em sua pele ancestral o teatro, o culto a Dionísio; eu, todas aquelas máscaras amalgamadas. Talvez, tenha sido um guerreiro cantado, recontado, dono de uma desconcertante objetividade. Talvez, nada nobre. Máscaras! Finda que as pendure, demonstre em cena, em cima, quando coros, entoados, formos um só: emoção! Não aquela coisinha insossa, fins de efeito moral – hipócritas! Ser Ilíada e Odisseia, parte umbral! Algo tangível, alternativo, interativo, de cunho social, alcunha desvalida – arte!
II
relógio que acorda
que desperta o passado
apesar de avançada a hora
que se nega
que não quer ir embora
: parados ponteiros
d’outrora
que desperta o passado
apesar de avançada a hora
que se nega
que não quer ir embora
: parados ponteiros
d’outrora
III
alimentava olhos tristes
dentes brancos
um gráfico senoidal
uma rede
um eco
dentro
entro
ntro…
dentes brancos
um gráfico senoidal
uma rede
um eco
dentro
entro
ntro…
IV
saída de um quadro
de Toulouse-Lautrec
– púrpura!
de Toulouse-Lautrec
– púrpura!
entre um trago e outro
cruzadas
um cabaré qualquer
Paris.
cruzadas
um cabaré qualquer
Paris.
antes do beijo, do gozo
o ouriçar da pele
algumas chances
partidas
em telas.
o ouriçar da pele
algumas chances
partidas
em telas.
V
éramos cactos e flores
sem jardineiras anis
nossos ares, distâncias
sem jardineiras anis
nossos ares, distâncias
até tocarmo-nos naquele instante
capital
: crédito, 3 X
capital
: crédito, 3 X
quando seguimos, cada qual
cartões, carteiras e nossos vasos
– paisagens
cartões, carteiras e nossos vasos
– paisagens
VI
desaguar
perder-se inteira
forjar-se
pedra, sabão
recomeços
perder-se inteira
forjar-se
pedra, sabão
recomeços
VII
uma xícara trincada
tempo, apego
aquele quadro, esse nada
um eu além
quiçá um mote, sem conserto
tempo, apego
aquele quadro, esse nada
um eu além
quiçá um mote, sem conserto
VIII
tão querida quanto trêmula
não importava!
naquela idade
bom mesmo era poder quebrar
silêncios
foi assim o nosso encontro
não importava!
naquela idade
bom mesmo era poder quebrar
silêncios
foi assim o nosso encontro
IX
a moça da saia vermelha
nada me dizia
estava ali, impassível, em sua beleza ácida
queria voar
não havia asas
apenas poesia – ponte aérea
entre vãos
e todas aquelas vozes celulares
ar rarefeito unindo
motivos, vidas, saguão
nada me dizia
estava ali, impassível, em sua beleza ácida
queria voar
não havia asas
apenas poesia – ponte aérea
entre vãos
e todas aquelas vozes celulares
ar rarefeito unindo
motivos, vidas, saguão
X
as fraturas
e esta sensibilidade exposta, sonar
riem-se dos laços plácidos
e esta sensibilidade exposta, sonar
riem-se dos laços plácidos
XI
havia a história das corujas
vovó dizia: ‘rasgam mortalha’
e eu por um tempo acreditei
que não eram humanas
vovó dizia: ‘rasgam mortalha’
e eu por um tempo acreditei
que não eram humanas
XII
ajoelhados em torta calmaria
ruminam, sobretudo, vendavais
ruminam, sobretudo, vendavais
XIII
como quem posta-se morto
o homem trabalha
volta à casa, come
transa, dorme
não acorda
trabalha…
o homem trabalha
volta à casa, come
transa, dorme
não acorda
trabalha…
XIV
Imoral é a hipocrisia que impera entre tantos;
são os dedos quebradiços da ética;
um olhar pseudo espanto [o ciclope em jardim panorâmico].
são os dedos quebradiços da ética;
um olhar pseudo espanto [o ciclope em jardim panorâmico].
Imoral somos nós
mal fa(r)dados humanos;
são os monstros assíduos que criamos.
mal fa(r)dados humanos;
são os monstros assíduos que criamos.
Imoral nossos atos impensados
pútridos paridos do descaso
sepulcros do que podia ser.
pútridos paridos do descaso
sepulcros do que podia ser.
Lou Vilela
* Publicados originalmente na revista 'Diversos Afins', 86ª Leva » Janela Poética II.
quarta-feira, 1 de janeiro de 2014
Poemeus na 'Diversos Afins'
A 'Diversos Afins' nos entrega mais um lindo presente: a sua 86ª Leva, última de 2013. Estou muito feliz por fazer parte dessa edição, ao lado de tantos que admiro! Aproveito a oportunidade para agradecer aos leveiros, Leila Andrade e Fabrício Brandão, e para desejar um Feliz Ano Novo a todos!
Lou Vilela
Lou Vilela
Imagem: Bruno Kepper
sexta-feira, 6 de dezembro de 2013
Geometria dos da(r)dos
eu saberia, não fosse o silêncio
a exata distância entre os céus
de nossas bocas.
Lou Vilela
quarta-feira, 4 de dezembro de 2013
Nós intangíveis
eu precisava
você queria
nos coube um (a)mar
todas as falas que levam ali
dentro
cascata
nós intangíveis
pó de poesia
ressaca
Lou Vilela
você queria
nos coube um (a)mar
todas as falas que levam ali
dentro
cascata
nós intangíveis
pó de poesia
ressaca
Lou Vilela
terça-feira, 19 de novembro de 2013
Evidências
A lâmina que suporta
[mais ávida, a língua]
desliza em zigue-zague
risca-me as vaidades
e as entranhas.
Lou Vilela
[mais ávida, a língua]
desliza em zigue-zague
risca-me as vaidades
e as entranhas.
Lou Vilela
domingo, 3 de novembro de 2013
domingo, 27 de outubro de 2013
Ausência
Os sinos, as casas compunham
o tempo, sem eira nem beira
pedaços de nós, de feiras;
fornadas de pães.
Pudessem, indagariam o vento;
reivindicariam os meios;
rasgariam as folhas.
As palavras silenciam,
mas não adormecem.
Lou Vilela
o tempo, sem eira nem beira
pedaços de nós, de feiras;
fornadas de pães.
Pudessem, indagariam o vento;
reivindicariam os meios;
rasgariam as folhas.
As palavras silenciam,
mas não adormecem.
Lou Vilela
terça-feira, 1 de outubro de 2013
Temporais do absurdo
quem chorará meus mortos
[perquiriu o personagem de patins
sobre a via esburacada]
quando me couber sorrir?
quem chorará a relva
atrasada no caminho?
os apressados a pisoteiam
os aluados a referendam [mas não cuidam]:
uma relva estática na folha
simbolizará o mundo?
quem chorará meus mortos
temporais do absurdo?
Lou Vilela
sábado, 14 de setembro de 2013
sexta-feira, 6 de setembro de 2013
Poema sem título VIII
Multipliquei-me
para me sentir,
Para me sentir,
precisei sentir tudo.
(Álvaro de Campos)
bela e terrível
aquela expressão de assombro
invasão das camadas de incêndio
tudo era pouco, rude
um pulsar alegórico
de ausências
Lou Vilela
terça-feira, 30 de julho de 2013
Dos cantares
canto, pois, à despedida
em versos inexatos, em vão
obscuro, canto!
porque o momento é tênue
e a vida, sábia
sabia
sabiá
sabia
sabiá
Lou Vilela
* Mais um poeminha que estará no Livro da Tribo, edição 2014/2015.
quinta-feira, 25 de julho de 2013
Bordado
riscou-me, vazio inclemente
até que a morte nos cinja ponto a ponto
celeste, azul puro, expoente
Lou Vilela
até que a morte nos cinja ponto a ponto
celeste, azul puro, expoente
Lou Vilela
sábado, 29 de junho de 2013
Poema sem título VII
Arte de Fátima Queiroz
Pensava na opulência dos dias laranjas
Em meio aos cinzas
No ir e vir, na urgência
No desmantelo social
A cor em sobressalto
Alerta nada convencional
Pensava nos laranjas
No planalto endossado
Adoçado, lubrificado
Comendo a comoção nacional
E alguma gente que vai às ruas
Que vai às redes, mete a boca
Panfleta, esbraveja, mas não demove
(in)decisão, paletó, bicho-de-pé.
Lou Vilela
* Um dos poeminhas que sairá no Livro da Tribo, edição 2014/2015.
domingo, 9 de junho de 2013
Felicidade gutural
Pierre Bonnard 1941 Le Nu Sombre
bem quis
foi metáfora
impressionismo, demão
alargado sentido
asa
entre a.corda e o pescoço
Lou Vilela
quinta-feira, 30 de maio de 2013
Relógio
Louise Bourgeois
era quase hora
saberia do canto, da robustez do diafragma
do espaço ocupado por coisas inúteis
dos segredos de cofre
em dedos de ébano e marfim
era quase hora
a palidez tamanha
na possibilidade corpulenta de um sim
o relógio desgastaria a máscara
resistência
era quase hora
Lou Vilela
sábado, 6 de abril de 2013
A dança das pedras
Trabalho do artista plástico Marcantonio*
à parte o silêncio, é sabido
as pedras compõem
sob ciclos
o movimento
Lou Vilela
* "Exposição de artes plásticas ocorrida no Centro Cultural Correios no Rio de Janeiro, entre Maio e Abril de 2009. Trata-se de um trabalho do artista plástico Marcantonio, desenvolvido a partir da gravura "Melancolia" do artista alemão Albrecht Durer, que viveu no século XVI."
sexta-feira, 5 de abril de 2013
Linhas da metrópole - cena II
Imagem de arquivo pessoal
o cão aproveita tempo ameno
fecha os olhos, adormece
não se percebe sereno
o homem observa, tem a posse
do cão, do espaço, do 'close'
e almeja bem maior
passa o tempo, a cena não acomoda
o cão, impassível, sai -- levanta
toma água, fareja, morde a calma
lambe, resoluto, aquela cara
Lou Vilela
Assinar:
Postagens (Atom)